Monday, June 25, 2007

Um último comentário sobre os dois posts abaixo.


Eles deixaram-me a pensar como todas estas questões do desenvolvimento infantil são frágeis. Quer num caso quer no outro uma pessoa podia facilmente estar tão envolvida no que estava a fazer que não percebesse o que se estava a passar, que não soubesse interpretar estas "janelas" que eles nos abrem para dentro deles. E mesmo assim ficam tantas dúvidas... o que é que ele quer signifcar com o que diz? Quantas destas nós não "apanhamos"? Como valorizar e desenvolver estas pistas que eles lançam?

...e as palavras da música



Desde muito cedo (desde o ventre, na realidade) que o JM ouve música clássica. É claramente uma música que os bebés apreciam e o JM, longe de ser excepção, continua a ouvi-la com gosto e crescente interesse. Aqui há uns tempos introduzi-o a duas peças que me parecem ser das mais fáceis para crianças: "Ein kleines nachtmusik" de Mozart, e as "Quatro Estações" de Vivaldi. A primeira tem, como muitas composições de Mozart, um tema brincalhão, que fica facilmente no ouvido, a segunda tem uma série de imagens musicais fáceis para qualquer criança: o vento, a chuva e, sobretudo, os pássaros.
Mas foi o tema musical de Mozart que ficou na cabeça do JM, e que ele reproduz, com erros, quando lhe apetece: Tam-tan-tam-ta-ta-ta-ta-ta-tam" e por aí adiante. Hoje, depois de ter conseguido chegar ao leitor de CD's, empoleirado numa cadeira, e ter ligado o CD do Mozart, apareceu-me todo contente com o grande feito: ligar o Mozart sem ajuda!
Daí a pouco estava a trautear a música do Mozart e mais tarde a mastigar em tam tam tam. Progressivamente perdeu qualquer entoação, repetindo o ritmo uma e outra vez. De repente virou-se para mim: "Olha, pai, as palavras do Mozart: Tam, Tam Tam" (sem entoação). Eu respondi-lhe: "É a música do Mozart, filho?"
E ele logo muito rápido, esforçando-se por que eu percebesse: "Não, pai, não é a música, são as palavras: Tam, Tam, Tam"

Não sei de que é que eu estava à espera, mas disto, não era concerteza.

Os mapas...

Muitas vezes educar o JM e a AM é assim: atiramos com uma ideia ou informação, sem termos propriamente noção de como é que ela é entendida. Os mapas e as palavras da música são dois bons exemplos disto.
Dos jogos da selecção nacional tinha ficado, para o JM a noção de que Portugal era representado por uma bandeira - que ele identifica com facilidade - e a a noção de pertença a Portugal - sem que nós possamos garantir o que é que essa pertença significa para ele. Ele identifica-se(nos)com Portugal e com a sua bandeira, embora nos parece óbvio que a noção de país ou, pior ainda, a de Estado está longe da sua possibilidade de entendimento. Talvez povo seja uma aproximação mais simples, que não deixa de ter as suas dificuldades.
Há uns dias o JM pegou num atlas da mãe, que lhe esteve a mostrar onde ficava Portugal. Comentávamos, na sequência, que não sabíamos propriamente até que ponto ele percebia o que era uma mapa e, como tal, se ele entendia que aquele ponto que a mãe lhe explicava que era Portugal era entendido como uma porção de território.
A L. notava que, embora ele "encontrasse" Portugal mesmo em mapas de outras zonas do mundo, procurava sempre uma zona litoral, junto ao mar. E assim ficámos, na incerteza de como é que ele entendia os mapas.
Ontem fomos num convívio a uma zona de parque florestal, que tem vários caminhos e mapas de orientação: o Pinhal da Paz.
Quando voltávamos, o JM vinha cheio de sono e por isso insistiu em não ir pelo mesmo caminho de toda a gente. Escolhi um caminho alternativo e expliquei-lhe que por ali íamos "ter com os meninos", como ele queria. E foi então que se deu uma daquelas respostas que nos vai instruindo como pais: "Pai, mostra o caminho no mapa!" Foi excelente esta alusão, porque eu disse que o mapa estava mais à frente - de facto havia um no parque de estacionamento - e ele fez o caminho todo à espera de o encontrar. Mas sobretudo esta alusão fez-me perceber que ele entende que um mapa é uam representação gráfica de um território - que é precisamente a noção que eu duvidava que ele já tivesse.

Wednesday, June 20, 2007

WWWWWWWEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!


O JM já tem escola para o próximo ano! Não é tanto a parte cognitiva que nos preocupa, ele está bastante avançado a esse nível, é sobretudo o desenvolvimento social, estar com outros meninos da mesma idade, com todas as dificuldades que isso também tem. Vamos ver como corre.
Ele está entusiasmadíssimo!

Tuesday, June 12, 2007

Um pejente para a mana


O JM estava a brincar com o triciclo quando decidiu que precisava das chaves de plático da mana para o ligar. Sim: longe vai o tempo em que os triciclos funcionavam a pedais (ou mesmo a força de de pés, como é o caso deste). Agora os triciclos, para funcionarem tem que se dar à ignição, de preferência com uma chave plástico e borracha, daquelas que os bébés usam para morder, na fase dos dentes. Inovenções, portanto.
O problema é que a AM estava nessa altura atarefada, a pôr os dentes nos dentes das chaves. E, claro, não estava a pensar desfazer-se das chaves sem a devida compensação. Foi isso que a mãe explicou ao JM. A questão foi resolvida pacificamente: o JM, por sugestão da mãe, foi buscar um livro de espumas para a mana, que imediatamente lhe enterrou os dentes, largando as chaves, o que prova que duas coisas não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, com excepção das chuchas, que podem ser mais de uma, excepção essa que, como é apanágio, confirma o que infirma.
Chave na mão, triciclo finalmente a funcionar, pergunta-se o JM para que lhe servem as chaves. Decide devolve-las, devolvendo-se também o livro de espumas. Mas a AM não está pelos ajustes: ainda só tinha lido umas quantas folhi... perdão, espuminhas, e queria chegar ao fim, para ver como seguia o enredo (que o livro não tem como é próprio de livros para estas idades).
Em vão explicámos ao senhor JM que o livro era próprio para a idade da irmã e que ele tinha outros, muitos e bons. Em vão lembrámos que quando dá algo à irmã para ela brincar não o pode tirar sem que ela termine, porque se lhe serviu brincar com as chaves da mana enquanto precisou delas, é enquanto precisar dele que a mana deve brincar com o livro.
Escolhemos não insistir: para o JM era importante afirmar a sua propriedade. Mas exigimos que saísse com o livro da frente da mana, para que ela se interessasse novamente pelas ígneas chaves de plástico.
Dez minutos mais tarde, tudo esquecido, convencemos o JM que aquele livro era adequado para a mana e já não para ele. Lembrámos os brinquedos e roupas que ele tem recebido do primo G, que é maior que ele e lhe dá as coisas que já não são para a idade dele, mas que são para a idade do JM. Explicámos que se o JM quisesse podia fazer um pejente para a mana. "como no Natal?" - perguntou o JM. "Sim, filho, como no Natal".
Lápis de cor e folha branca, JM pintou o papel para embrulhar o pejente. O pai arranjou um fita verde e embrulhámos juntos, eu punha a fita-cola e ele passava o dedo, para a fixar.
Depois ele foi oferecer à mana, desembrulharam os dois, e ela ficou a brincar com o livro de espuma. Os dois ficaram satisfeitos.
Todos somos assim: mesmo (sobretudo?) se for razoável que isso aconteça, detestamos que nos tirem o que estamos dispostos a dar.

Monday, June 11, 2007

Dia 27 a AM passou a dormir no quarto das crianças

Estávamos com um certo receio: que ela acordasse o irmão, que o irmão a acordasse a ela, que se pusessem a brincar e a AM acabasse magoada... ela dormiu toda a noite, ele também. Ambos acordaram mais tarde do que é costume, todos dormimos melhor, o JM anda importantíssimo com a sua tarefa de tomar conta da mana à noite: deita-se sem discussão e apaga a luz depois da historinha, porque depois o pai vai buscar a mana para a deitar. Aprendeu a sussurrar para não acordar a mana, o que tem sido útil em muitas outras ocasiões. Foi ele com a mãe que preparou o quarto e fez a cama da irmã para a sua primeira noite ali.
No outro dia, quando acordamos, o JM tinha puxado uma cadeira para ao pé do parque onde a mana dorme e estavam os dois acordados, a brincar, deitados um ao lado do outro.
:)

Friday, June 01, 2007

RUUUUUUUUUUUAAAAAAAAAAAAAAAAAA


Ontem à noite, estava eu a ler uma história ao JM, sobre um dragão que rugia, como no título, quando ele fez R-U-U-U-U-U-A-A-A-A-A-A-A.
Ninguém lhe tinha dito aquilo - só eu é que lhe contei aquele livro - e ele conhece as letras R - de Rui - U e A.
Fiquei na dúvida se não seria o primeiro passo na leitura, ainda sem juntar as letras, apenas inutindo que elas se sucediam...
ou então foi imaginação minha... se calhar foi sono... olha não sei!