Tuesday, June 12, 2007

Um pejente para a mana


O JM estava a brincar com o triciclo quando decidiu que precisava das chaves de plático da mana para o ligar. Sim: longe vai o tempo em que os triciclos funcionavam a pedais (ou mesmo a força de de pés, como é o caso deste). Agora os triciclos, para funcionarem tem que se dar à ignição, de preferência com uma chave plástico e borracha, daquelas que os bébés usam para morder, na fase dos dentes. Inovenções, portanto.
O problema é que a AM estava nessa altura atarefada, a pôr os dentes nos dentes das chaves. E, claro, não estava a pensar desfazer-se das chaves sem a devida compensação. Foi isso que a mãe explicou ao JM. A questão foi resolvida pacificamente: o JM, por sugestão da mãe, foi buscar um livro de espumas para a mana, que imediatamente lhe enterrou os dentes, largando as chaves, o que prova que duas coisas não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo, com excepção das chuchas, que podem ser mais de uma, excepção essa que, como é apanágio, confirma o que infirma.
Chave na mão, triciclo finalmente a funcionar, pergunta-se o JM para que lhe servem as chaves. Decide devolve-las, devolvendo-se também o livro de espumas. Mas a AM não está pelos ajustes: ainda só tinha lido umas quantas folhi... perdão, espuminhas, e queria chegar ao fim, para ver como seguia o enredo (que o livro não tem como é próprio de livros para estas idades).
Em vão explicámos ao senhor JM que o livro era próprio para a idade da irmã e que ele tinha outros, muitos e bons. Em vão lembrámos que quando dá algo à irmã para ela brincar não o pode tirar sem que ela termine, porque se lhe serviu brincar com as chaves da mana enquanto precisou delas, é enquanto precisar dele que a mana deve brincar com o livro.
Escolhemos não insistir: para o JM era importante afirmar a sua propriedade. Mas exigimos que saísse com o livro da frente da mana, para que ela se interessasse novamente pelas ígneas chaves de plástico.
Dez minutos mais tarde, tudo esquecido, convencemos o JM que aquele livro era adequado para a mana e já não para ele. Lembrámos os brinquedos e roupas que ele tem recebido do primo G, que é maior que ele e lhe dá as coisas que já não são para a idade dele, mas que são para a idade do JM. Explicámos que se o JM quisesse podia fazer um pejente para a mana. "como no Natal?" - perguntou o JM. "Sim, filho, como no Natal".
Lápis de cor e folha branca, JM pintou o papel para embrulhar o pejente. O pai arranjou um fita verde e embrulhámos juntos, eu punha a fita-cola e ele passava o dedo, para a fixar.
Depois ele foi oferecer à mana, desembrulharam os dois, e ela ficou a brincar com o livro de espuma. Os dois ficaram satisfeitos.
Todos somos assim: mesmo (sobretudo?) se for razoável que isso aconteça, detestamos que nos tirem o que estamos dispostos a dar.

4 comments:

Unknown said...

Como pessoas são adoráveis , como pais são únicos . Beijos

NCD said...

Nem adoráveis nem únicos, mas faz-se o que se pode (e escreve-se sobre aquilo que se quer fazer memória).
Bom ver-te por cá. Volta sempre, fáxavor! ;)

Unknown said...

Podes dizer ao JM que já tem alternativa ao triciclo , a 4L dele já está totalmente recuperada é um carro novo cheio de experiencia ( fez 20 anos quando ele nasceu ). E da maneira que o tempo passa esta a conduzir nao tarda nada . Beijos

Mae Frenética said...

Essa é q é essa. Às vezes exigimos dos nossos filhos coisas q nós teríamos, tb, mta dificuldade em fazer...